Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil
No último dia oficial do carnaval de Salvador, a noite dessa terça-feira (28), a banda Armandinho, Dodô e Osmar arrastou foliões saudosos. Pela avenida Oceânica, na Barra, o trio formado pela família Macêdo levou os foliões às ruas com canções que passavam pelas marchinhas de carnaval, axé e pelo tradicional frevo.
Apesar de Dodô e Osmar não estarem mais vivos, o nome da banda homenageia os dois criadores da estrela do carnaval baiano: o trio elétrico. Armandinho, considerado virtuoso da guitarra baiana, é filho de Osmar e se juntou aos três irmãos – Betinho, Aroldo e André – para continuar levando a música ensinada pelo pai.
No chão, pessoas de todas as idades cantavam e dançavam as canções, cujo ritmo permitia um deslocamento tranquilo e facilidade de acompanhar o trio. A sensação de segurança e tranquilidade, sem brigas e sem aperto, era sempre destacada pelos foliões.
A atual música de trabalho da banda – Pra quê corda? Se a pipoca tá com a corda toda – faz juz à apresentação dessa terça, porque a folia foi comandada pelo quarteto Macêdo sem cordas, sem bloco e de graça. Até quem comprou abadás para curtir a folia do camarote não resistiu à tentação de conhecer de perto os sucessores do tradicional carnaval baiano. Foliões vestidos com camisetas de blocos e camarotes voltaram a fazer o percurso para aproveitar a pipoca da banda.
É o caso do químico André Lima, de 30 anos. “Já ouvimos falar muito deles e não pudemos deixar de vir. Está muito tranquilo, com muita paz e segurança. Não teria como não vir e trazer a namorada para conhecer de perto os filhos de um dos nomes tão conhecidos, como Osmar”, comentou o paulistano.
No meio da pipoca, um casal de amigos chamava a atenção de quem passava. A aparente idade não limitava a alegria demonstrada em cada verso cantado pela dupla Sérgio Simões e Lícia Rodan.
“Esta é a melhor pipoca, é suave, você pode brincar, o ambiente é bom. Conheci Armandinho e Osmar quando eu tinha 15 anos de idade, cresci ouvindo isso. Ele [Armandinho] é um grande músico e a banda é muito boa, além da pipoca de grande qualidade”, disse o engenheiro, de 64 anos, que dançou sem intervalos. A amiga dele conta que sempre gostou das canções de carnaval que a banda toca.
“Amo, amo, adoro! Convivi com eles, fomos colegas de infância. Desde pequena, acompanho a trajetória deles. Quem comanda o carnaval da Bahia, para mim. Nós sempre estaremos aqui atrás do trio, por aqui todo mundo se cuida e se auxilia, é muito tranquilo”, comemorou a aposentada, de 65 anos.
Outro folião chegava a fechar os olhos a cada canção mais antiga que tocava no trio pipoca. Manoel de Souza, de 60 anos, é de Salvador, mas mora em Juazeiro – no norte da Bahia. O carnaval, segundo ele, “não pode ser deixado para trás” e isso fez com que viesse a Salvador, matar a saudade da juventude.
“Aqui é a velha guarda, é o resgate do nosso carnaval da Bahia. Quando eu era novo, curtia muito eles e continuo aqui na avenida. Sábado [25], estive na pipoca deles e hoje vim novamente, porque para mim não tem igual”, declarou o comerciante.
O trio pipoca, da banda, segue a tendência do carnaval de Salvador, de tirar cada vez mais as cordas da avenida e democratizar o acesso do público aos diversos artistas. Tanto o governo do estado quanto a prefeitura subsidiaram os custos dos trios sem cordas.
Hoje (1º) à tarde, a prefeitura de Salvador divulgará, em entrevista, o balanço dos sete dias oficiais do carnaval da capital baiana, que começou na quarta-feira (22) e terminou nessa terça (28).
Edição: Graça Adjuto